Cascais – Nazaré – Introdução


Agendei a subida até à Nazaré, pela costa, para o fim de semana do 25 de abril. Fui acompanhando as previsões do tempo, que esteve chuvoso durante quinze dias, mas que se manteve seco durante o percurso até à Lourinhã.

O cartaz do percurso, a pedir caminhantes voluntários, foi o seguinte:
Cascais-Nazare

O Igor manifestou interesse desde o início, pois nunca tinha estado na Nazaré e era um sítio que gostava de visitar. Como o Igor estava ocupado durante a manhã de sábado, só pudémos partir de tarde. Ficávamos, assim, com pouco mais de dois dias para fazer um percurso de 147 quilómetros. Era difícil, mas poderíamos tentar. Apontámos para o seguinte:

  • cinquenta quilómetros no primeiro dia
  • oitenta quilómetros para o segundo dia
  • vinte quilómetros para o terceiro dia

No sábado de manhã, 23 de abril, cozi arroz integral e fiz as usuais bolas de arroz – onigiri -, o meu alimento principal para as caminhadas. No total, preciso de duas horas para tudo isto: uma hora para cozer o arroz na pressão e outra hora para fazer as bolas. As bolas de arroz são primeiro prensadas com as mãos molhadas, depois coloco ameixa salgada – umeboshi – no interior e prenso novamente. Por fim, envolvo totalmente em alga nori e pressiono novamente até a alga, entretanto húmida, ficar completamente colada ao arroz.

Para além das bolas de arroz, coloquei na mochila um quilograma e meio de tangerinas e um quilograma e meio de maçãs reinetas, as minhas frutas preferidas para as caminhadas. Três garrafas, de vinte e cinco centilitros cada uma, com café e um cantil com água completaram as necessidades alimentares para o trajeto.

Na caminhada anterior, de Tróia até Sagres, tinha tido imenso frio nas duas últimas noites, tendo conseguido dormir apenas duas horas e quatro horas, respetivamente. O saco-cama que levara era pouco espesso e devia ser utilizado com uma temperatura mínima de onze graus, mas as temperaturas desceram abaixo dos cinco graus. Para a caminhada da Nazaré, a temperatura esperada para a noite era cerca de dez graus, o que me deixou hesitante sobre o melhor saco-cama a levar. O ideal é levar o saco-cama mais leve posível, pois qualquer peso adicional, ao fim de cinquenta quilómetros, torna-se incomodativo e até mesmo insuportável. Mas, por outro lado, um saco-cama leve e fino não garante, em geral, uma temperatura confortável para dormir.

Eu tinha apenas dois sacos-cama: um muito fino, de caminhada, para o verão; e outro, com o interior de flanela, grosso e pesado, para ser usado em tenda no inverno. Nenhum deles era o indicado para esta caminhada até à Nazaré. Decidi comprar um terceiro saco-cama que fosse leve, ocupasse pouco espaço e garantisse bons níveis de conforto a baixas temperaturas.

Comprei, na Decathlon, um saco-cama para usar a partir dos cinco graus Celsius de temperatura exterior, e com pouco mais de um quilograma de peso. Só não me agradou o volume que ocupa.

saco-cama

Para além da comida e água, acomodei, ainda, na mochila os itens seguintes:

  • fio dental, escova de dentes, papel higiénico
  • óculos escuros
  • protetor solar
  • fato de banho, toalha pequena
  • saco-cama
  • chapéu (panamá) e gorro de lã
  • smartphone, tablet e baterias
  • lanterna (incluída na bateria)
  • BI, cartão de débito e dinheiro
  • dois pares de meias
  • três pensos rápidos
  • canivete suiço
  • bandas e gorro refletores para andar de noite na estrada

Para o Algarve tinha levado umas botas de caminhada novas que não me causaram mazelas nenhumas nos pés. No entanto, eram muito quentes para fazer uma caminhada, debaixo de sol, no fim de abril. Por esse motivo, comprei umas sapatilhas para caminhada, com uma sola robusta e impermeáveis à água.

Encontrei-me com o Igor no Cais do Sodré, onde apanhámos o comboio para Cascais. Tal como na caminhada de Belém a Cascais, o Igor tinha-se deitado tarde. Tinha estado na festa de aniversário de um outro antigo aluno meu, o Lee Vitongue, numa discoteca só para os convidados, com miúdas loiras e muito álcool. Na aula de mandarim, uma hora antes, escondeu o sono com os óculos escuros, mas não conseguiu parar o zumbido e os sinos que repicavam à volta da cabeça. Enquanto falávamos, abriu e bebeu uma lata de uma bebida energética, para tentar estabilizar os níveis de atenção e vigilância. Pelas janelas da carruagem, avistámos com agrado, alguns dos troços que tínhamos feito a pé uns meses antes, na etapa de Belém a Cascais.

O comboio chegou às 3h da tarde a Cascais e demos início à caminhada.

Cascais


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